A atribuição do Prémio Camões a Manuel António Pina constitui um momento alto de afirmação da Língua e da Cultura Portuguesas e um reconhecimento da crescente importância de que se reveste, nos dias de hoje, a acção de intelectuais e artistas que, como o Autor agora distinguido, pautem a sua acção por princípios éticos, numa defesa dos valores da equidade, da democracia e da justiça social.
A DORP do PCP manifesta, por isso, o seu regozijo pela atribuição do Prémio Camões a Manuel António Pina e endereça as suas felicitações ao Escritor, destacando o elevado contributo que tem dado para o prestígio da Literatura em Língua Portuguesa.
No dia 14 de Março, os Deputados da Assembleia da República Jorge Machado e Honório Novo, acompanhados de dirigentes do PCP, eleitos autárquicos e metropolitanos da CDU, participaram num Mandato Aberto subordinado às questões da Cultura no Porto.
Ao longo deste dia de trabalho, duas delegações do PCP reuniram com importantes instituições da vida cultural e artística do Porto, entre as quais o Museu Soares dos Reis, Fantasporto, Cooperativa Árvore, Academia de Artes e Espectáculos e FITEI.
Em sessão hoje realizada no Centro de Trabalho da Boavista do PCP, foi apresentado o III tomo de uma interessante colecção de análise social, cultural e política das últimas décadas do Séc.XX - as "Obras Escolhidas de Álvaro Cunhal".
Conhecer a História, reflectir sobre a realidade, agir para o futuro... aqui ficam algumas reflexões:
ver intervenção de Francisco Melo ver intervenção de Jaime Toga
Promovemos esta sessão no dia seguinte ao 97º aniversário do nascimento do nosso camarada Álvaro Cunhal.
Assim, lançar o Tomo III das obras escolhidas, assume também o carácter de homenagem a quem dedicou toda a sua vida ao ideal e projecto comunista, à causa da classe operária e dos trabalhadores, da solidariedade internacionalista, de dedicação sem limites aos interesses do povo português, da soberania e independência de Portugal.
Uma homenagem ao construtor mais destacado deste grandioso colectivo partidário que – ao longo de 75 anos de militância exemplar, de entrega total, de acção revolucionária – assumiu um papel ímpar na história portuguesa do Século XX, na resistência anti-fascista, na luta pela liberdade e a democracia, na construção de Abril e em sua defesa, por uma sociedade livre da exploração e da opressão, a sociedade socialista que nos une e mobiliza.
A direcção do Partido tem frisado a importância da divulgação e do aprofundamento do estudo da obra de Álvaro Cunhal, ligando-a à prática, à realidade concreta e à luta que travamos diariamente. É um valioso contributo teórico que nos ajuda à compreensão da realidade portuguesa, mas também na acção presente e futura do nosso “grande colectivo partidário”.
O Tomo III das obras escolhidas, centrando-se no período de 1964/1966, incorpora textos fundamentais para o conhecimento e compreensão do processo revolucionário que culminou com a Revolução de 25 de Abril de 1974, designadamente o “Rumo à Vitória”, o “Relatório da Actividade do Comité Central ao VI Congresso do Partido Comunista Português” e “Contribuição para o Estudo da Questão Agrária”.
Obras que expressam a dimensão do autor, a sua capacidade de análise e de interpretação marxista-leninista da realidade portuguesa e do seu contexto internacional, mas que revelam igualmente a importância do trabalho unitário e da definição dos aliados em cada etapa, do trabalho colectivo, da democracia interna e do centralismo democrático, mesmo perante a feroz repressão fascista com que o PCP estava confrontado.
Obras que foram um marco incontornável em todo o processo de luta do PCP e do povo português até à conquista da liberdade.
Obras cuja vida comprovou conterem justas análises quanto ao caminho para o derrubamento dos fascismo, bem como quanto ao carácter antimonopolista e antilatifundista da revolução que o país e o povo reclamavam.
Além da justa homenagem ao autor, o lançamento do Tomo III das obras escolhidas de Álvaro Cunhal é ainda a afirmação, ou a reafirmação, de um compromisso.
O compromisso com os trabalhadores e o Povo que há quase 90 anos este Partido assumiu e que está plasmado nos seus Estatutos, de lutar pela “construção em Portugal do socialismo e do comunismo que permitirão pôr fim à exploração do homem pelo homem e assegurar ao povo português o efectivo poder político, o bem estar, a cultura, a igualdade de direitos dos cidadãos e o respeito pela pessoa humana, a liberdade e a paz.”
Objectivos plenos de actualidade quando o país está confrontado com a mais violenta ofensiva desde o fascismo, que ataca direitos conquistados, acentua as desigualdades e as injustiças, rouba nos salários, destrói o aparelho produtivo, privatiza e desmantela o sectores públicos essenciais, mas deixa intocáveis os lucros e privilégios dos grupos económicos.
É uma ofensiva com expressão no Orçamento de Estado, que une o PS, o PSD e o Grande Capital e que promove o aumento da exploração e da precariedade e o corte nas prestações sociais.
Um conjunto de políticas que conduzirá ao aumento da pobreza, estimando-se que no próximo ano passem a existir mais 400 mil pessoas a viver abaixo do limiar da pobreza.
A contrastar com as dificuldades dos trabalhadores e das famílias, os grupos económicos e os Bancos aumentam lucros de forma escandalosa.
Esta situação é consequência da política que tem sido promovida por PS/PSD/CDS ao longo dos últimos 35 anos, no quadro de uma situação internacional de aprofundamento da crise do capitalismo e da política de integração europeia dirigida pelos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros, num contexto de uma fortíssima campanha ideológica de condicionamento da consciência dos trabalhadores, que fomenta a resignação e anuncia a inevitabilidade das medidas que têm vindo a ser impostas.
Os partidos da política de direita e o grande capital tentam passar esta ideia da inevitabilidade. Todos eles dizem que este Orçamento é mau mas que tem que ser aprovado.
Neste coro de submissão alinham ainda os candidatos presidenciais Fernando Nobre, Cavaco Silva e Manuel Alegre. Para todos eles, as políticas de austeridade, os PEC`s e o Orçamento de Estado devem ser aprovados, mesmo que sejam maus para o país, mesmo que originem mais pobreza, mesmo que originem mais desemprego, mesmo que ponham em causa a nossa soberania e a nossa independência.
O importante, para os que executam a politica de direita e para estes que se candidatam para a defesa da sua continuação, é agradar aos “mercados financeiros” e deixar intocáveis os lucros, os privilégios e as benesses dos grandes grupos económicos.
Contrariamente ao que afirmam, por mais que se reduza o défice, a especulação vai continuar. A resposta não é, ingenuamente, a de tentar “acalmar” os mercados.
O papel do governo português não tem que ser de submissão, mas de defesa dos interesses nacionais. É no plano da iniciativa e intervenção política que se terá de dar resposta ao problema do endividamento e da especulação.
O PCP defende uma intervenção firme e patriótica do governo português junto da União Europeia visando liquidar os instrumentos que permitem a actual especulação financeira que arrasa a situação económica e as condições de vida de países como o nosso. Paralelamente, o país reclama outra política que promova o crescimento económico, defenda e promova a produção nacional. Em vez de produzir cada vez menos para dever cada vez mais, Portugal precisa de produzir e exportar cada vez mais para dever cada vez menos.
É assim evidente a importância e o empenho do nosso partido também nesta batalha das presidenciais, na qual a candidatura de Francisco Lopes se apresenta com um projecto de ruptura e mudança para o país, que afirma a necessidade de uma política patriótica e de esquerda, assume o objectivo da defesa dos interesses dos trabalhadores, o bem estar do povo, o progresso e o desenvolvimento do país.
Uma candidatura com objectivos bem distintos das restantes candidaturas, que não hesita em defender a luta dos trabalhadores e apoiar a Greve Geral.
A Greve Geral do dia 24 de Novembro, convocada pela CGTP, é um claro sinal de rejeição da resignação e da inevitabilidade destas políticas, constrói-se a cada dia que passa, com a realização de plenários e o contacto com trabalhadores, com a adesão de inúmeros sindicatos, comissões sindicais e comissões de trabalhadores, dos mais diversos sectores.
Será um importante momento de rejeição destas políticas, de afirmação de que os trabalhadores não aceitam continuar a pagar a crise para a qual não contribuíram, que exigem mais emprego com direitos, melhores salários e mais justiça social.
Muitas são as razões para a Greve Geral, muitas são por isso as razões para o empenho dos comunistas na sua concretização, cuidando simultaneamente do reforço do nosso partido; criando e dinamizando as organizações de base, particularmente as de empresa e local de trabalho; aprofundando a sua ligação às massas e tendo sempre presente a responsabilização de quadros por tarefas concretas e o recrutamento daqueles que se destacam.
O rumo que nos querem impor não serve o país nem o povo.
Hoje, mais que nunca, é actual a exigência da abolição da exploração do Homem pelo Homem, com a criação de uma sociedade sem classes antagónicas; de uma democracia plena quer no plano político como no económico, no social e no cultural; do combate às injustiças, às discriminações e ao desemprego.
Por isso, no lançamento, no Porto, do Tomo III das obras escolhidas do camarada Álvaro Cunhal, reafirmamos a confiança deste Partido no futuro e o empenho do PCP de, juntamente com os trabalhadores e o Povo, lutar por uma outra sociedade, pelo socialismo e o comunismo.