Excertos da intervenção de José Pedro Rodrigues, candidato da CDU à presidência da Câmara Municipal de Matosinhos, na sessão de apresentação dos primeiros candidatos municipais em Matosinhos, hoje, domingo, frente à Biblioteca Florbela Espanca, perante uma centena de pessoas.
De entre todas as presenças, que agradeço, em nome da coordenadora CDU, destaco e assinalo a presença do meu camarada e amigo Honório Novo, deputado da República e anterior candidato à Câmara Municipal de Matosinhos, cuja intervenção notável ajudou a moldar o que ainda hoje são as nossas propostas para o concelho e que quer enquanto vereador ou deputado nunca regateou esforços ou intervenções em defesa dos interesses de Matosinhos.
Gostava ainda de saudar de forma particular todos aqueles que têm sido, ao longo dos anos, activistas, candidatos ou eleitos da CDU nos órgãos municipais e de freguesia. O seu exemplo e dedicação provam na prática o que afirmamos ser uma característica típica da CDU: uma força de confiança, ligada às gentes e à vida, às pequenas e grandes lutas que são a história e a identidade do povo de Matosinhos. A esses, também, uma saudação especial, com a certeza que estaremos juntos e unidos nesta nova batalha até Outubro.
Realizamos a apresentação dos primeiros candidatos municipais no rescaldo de uma jornada memorável do nosso povo. Uma jornada de protesto e indignação que levou centenas de milhar de portugueses à rua exigindo o fim da austeridade e das injustiças. Manifestações que se seguiram a outras, também de assinalável dimensão, como as que se realizaram em todo país no passado dia 16 de Fevereiro, que exigiram um novo rumo que deixe de apresentar aos trabalhadores, aos jovens, aos reformados e pensionistas, a factura pela crise em que vivemos.
Porque de factos vivemos tempos difíceis: primeiro era a crise internacional, depois veio a instabilidade dos mercados e a dívida galopante. A propósito, tem vindo a ser construído há muitos anos um discurso fatalista procurando justificar a receita da austeridade e que nos é servido diariamente, e a “necessidade” do descalabro social que hoje vivemos: a “inevitabilidade” do desemprego, da pobreza e miséria galopantes, do encerramento compulsivo de empresas com particular gravidade no seio das mPME’s, da degradação das condições de vida e de trabalho, da falta de perspectiva para as novas gerações e falta de dignidade na velhice para os mais idosos.
Estes podem ser sinais dos tempos que vivemos. Mas não tenhamos ilusões que não começaram apenas há quatro anos. Podem ter-se agravado com a aceleração de uma União Europeia federal e colonial, mas são consequência de uma governação à direita que tem ajustado contas com a Revolução de Abril e criado um Portugal mais à imagem daquele que era governado pelos poderosos na noite anterior à madrugada libertadora.
E estes tempos de má memória por um lado parecem-nos distantes mas por outro parecem-nos desgraçadamente próximos. Hoje multiplicam-se as doenças que julgávamos erradicadas há anos, dado o aumento da pobreza e das dificuldades. O aumento dos custos com a saúde pública leva a população, sobretudo a mais carenciada, a pensar duas vezes antes de se dirigir ao hospital quando sente que as coisas podem não estar bem. Aumenta novamente o abandono e o insucesso escolar e mesmo o trabalho infantil reaparece como um fenómeno preocupante. A emigração passou a ser a única saída para muitos portugueses, a maioria jovens com elevadas qualificações, num regresso aos negros anos sesenta do século passado
E qual é a resposta que os responsáveis da política de direita que nos governam têm? “A educação é cara, a saúde custa dinheiro, e o trabalho é um privilégio que tem de ser agarrado tão cedo quanto possível mas cada vez mais barato e com menos direitos…”
Matosinhos não só não escapa a esta avalanche social como treme ainda um pouco mais do que a média do País perante a desgraça. A desindustrialização do concelho leva anos, o encerramento das empresas da industria transformadora e de milhares de pequenas e médias empresas modificou por completo a face de Matosinhos. E não o modificou para melhor. Um concelho onde há menos trabalho e menos emprego é um concelho onde se vive pior.
E todos nós nos lembramos da célebre frase de um Primeiro-ministro que hoje é Presidente da República dizendo que com esta Europa o mar era para esquecer, e trocou a nossa frota por ecus. O mesmo que hoje diz que o futuro está no mar. Pois parece que os responsáveis em Matosinhos fizeram-lhe a vontade, apressaram-se a construir grandes agregados imobiliários onde antes existiam fábricas, julgando que as pescas e as indústrias em matosinhos eram um retrato do passado. Esta opção revelou-se um erro crasso.
O desemprego aumenta em Matosinhos muito mais do que no distrito do Porto ou no País. Entre 2010 e 2013 o número de inscritos no centro de emprego aumentou 43%, enquanto no País aumentou 28%. O desemprego jovem em Matosinhos é uma desgraça ainda pior, tenho aumentado 56% só no último ano. E o município foi abdicando dos instrumentos que poderia dispor para combater esta tendência. E mesmo rodeado de infraestruturas de importância estratégica – Porto de Leixões, Petrogal, Aeroporto do Porto, vias rápidas de comunicação – os sucessivos executivos falharam na afirmação da sua vitalidade económica e no aproveitamento das suas potencialidades: a população está a pagar um preço elevado por esta opção política.
Como tem também pago um preço muito elevado pelas cumplicidades entre os executivos em Matosinhos e o poder central.
a. tem pago o preço das SCUT, quando o presidente da Camara tomou o lado do anterior governo contra os interesses da sua população.
b. tem pago os atrasos no Portinho de Angeiras, vai para mais de 20 anos,
c. tem pago a propaganda da abertura a passageiros da linha ferroviária de Leixões a Ermesinde, que foi inaugurada com pompa e circunstância no ano das anteriores eleições autárquicas e encerrada no ano posterior, com a desculpa da falta de passageiros e sequer sem se ter construído todas as estações para que os utentes do concelho pudessem usufruir da linha.
d. tem pago todas as promessas e compromissos que não saem do papel no que respeita aos acessos do Hospital Pedro Hispano à A28, aos acessos pedonais ao hospital para pessoas com dificuldade de mobilidade, a desordem nos transportes públicos, a desgraça que são algumas estações de metro no concelho, como a da Senhora da Hora, o não alargamento da rede do metro a S. Mamede de Infesta e ao Porto pela Avenida da Boavista o que contribuiria para aliviar a carga na rede a partir da Senhora da Hora;
Tudo exemplos que mostram que os responsáveis não têm querido, ou sabido, resolver os problemas das populações, grandes ou pequenos, não mostrando em alguns casos uma fracção do empenho que evidenciam em algumas das guerras partidárias que vão protagonizando no concelho.
Nesta apresentação, a CDU deixa uma garantia aos matosinhenses. Intervimos junto da população e respondemos apenas perante os seus justos interesses, não abdicaremos de fazer desta jornada até Outubro, uma grande campanha em defesa do emprego, contra a desindustrialização do concelho e pela criação de melhores condições de vida. Porque só num concelho onde haja mais trabalho e oportunidades se pode viver melhor. E Matosinhos precisa desesperadamente de definir esta estratégia de desenvolvimento visando um concelho mais desenvolvido e harmonioso, com aproveitamento das suas potencialidades, onde todos sejam incluídos.
Termino com um apelo a todos os matosinhenses por nascimento ou adopção:
a. não se deixem envolver em guerras pessoais ou de grupo;
b. não permitam que a decisão racional seja prejudicada pela disputa emocional com que serão confrontados, levem em consideração quem ao longo de todos estes anos deu provas de trabalho, honestidade e competência, procurando, sempre, servir Matosinhos sem nunca se servir;
c. contribuam com as vossas ideias para a elaboração do programa da CDU que será um compromisso que, como é nossa prática, tudo faremos para cumprir.
Excertos da intervenção de José Pedro Rodrigues, candidato da CDU à presidência da Câmara Municipal de Matosinhos, na sessão de apresentação dos primeiros candidatos municipais em Matosinhos, hoje, domingo, frente à Biblioteca Florbela Espanca, perante uma centena de pessoas.
"De entre todas as presenças, que agradeço, em nome da coordenadora CDU, destaco e assinalo a presença do meu camarada e amigo Honório Novo, deputado da República e anterior candidato à Câmara Municipal de Matosinhos, cuja intervenção notável ajudou a moldar o que ainda hoje são as nossas propostas para o concelho e que quer enquanto vereador ou deputado nunca regateou esforços ou intervenções em defesa dos interesses de Matosinhos.
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Senhoras e senhores jornalistas,
Amigas e amigos,
Camaradas
A CDU parte para as eleições autárquicas que se aproximam com a mesma disposição de sempre:
Trabalho, Honestidade, Competência.
Trabalho, para prestar atenção permanente aos problemas das populações e para os resolver, ou
participar, na sua resolução.
Honestidade, para encarar os problemas com objetividade, sem demagogia, e para encarar a sua resolução
de forma transparente, colocando acima de tudo o interesse das populações e desprezando quaisquer
interesses particulares.
Competência, para conhecer a situação das autarquias na sua complexidade; para analisar as situações, e
executar as medidas adequadas à resolução dos problemas das populações.
Os eleitos da CDU têm provas dadas da sua filiação nesta disposição, seja pela sua disponibilidade para
servir as comunidades em que estão integrados, seja pela matriz metodológica da ideologia que perfilham
que lhes permite uma análise objetiva e global das situações.
O trabalho dos eleitos da junta CDU de S Pedro da Cova, para dar um exemplo local, é bem uma amostra
da actuação da CDU, quer considerado ao longo dos anos, quer considerado nos últimos tempos, na
oposição persistente, consequente e vitoriosa à deposição de resíduos perigosos; na a luta pelos transportes,
ou na oposição à extinção de freguesias.
Quiseram os meus camaradas da Comissão Concelhia de Gondomar do PCP, apoiados pelos nossos
companheiros da CDU que, desta vez, fosse eu a lembrar aos gondomarenses os princípios que norteiam os
eleitos da CDU nas autarquias e a defender esses princípios na Câmara Municipal.
É uma tarefa que aceito com a disponibilidade que sempre manifestei para defender os interesses da
população de Gondomar. Coloco na prossecução dessa tarefa todas as minhas capacidades com a confiança
que sempre tive nos princípios que defendo, e com a certeza de que, sendo eu a aparecer como candidato,
esta tarefa será uma tarefa coletiva que, coletivamente, irá ser cumprida; e com a certeza de que nesta
individualização não precisarei de olhar para o lado para saber que poderei contar com os meus camaradas.
É esse o significado que atribuo à palavra camarada: aquele ou aquela que sabemos estar ao nosso lado sem
ter necessidade de o verificar.
Os camaradas e amigos presentes nesta apresentação formal, e simbólica, da candidatura da CDU, estão
aqui para me mostrar que estamos juntos nesta campanha eleitoral até outubro e que, depois, me
acompanharão no trabalho, não menos exigente, na Câmara Municipal.
Aos trabalhadores da Comunicação Social aqui presentes, e que são testemunhas deste compromisso,
deixo um apelo: permitam que as nossas ideias e as nossas propostas cheguem aos gondomarenses.
Critiquem-nas, como deve ser próprio de uma imprensa independente, mas deixem que os gondomarenses as
conheçam também. Só assim poderão escolher em consciência, porque sem o conhecimento das diversas
opções, o direito ao voto não pode ser exercido livremente: não há liberdade sem conhecimento.
Permitam-me ainda, neste ponto, uma referência especial para o mandatário desta candidatura, o
Guilhermino Monteiro, a quem agradeço pessoalmente a sua disponibilidade. Nascemos em freguesias
vizinhas, a Lomba e Pedorido, embora em concelhos diferentes, partilhamos a mesma visão do mundo e,
entre outros, o gosto pela música e pela História; infelizmente para mim, não tenho a competência do
Guilhermino em nenhuma dessas áreas.
Residindo e trabalhando em Gondomar, o Dr. Guilhermino Monteiro está ainda ligado ao nosso concelho
pela sua participação, como instrumentista, na Banda de Melres, pela regência da Banda de Gondomar,
fundada pelo seu bisavô, e pelas muitas participações dos coros que dirige em iniciativas diversas. O seu
contributo para a nossa candidatura será, por tudo isso, valioso.
O chamado mundo desenvolvido atravessa a mais longa crise do capitalismo e, como é da natureza do
capitalismo, as consequências nefastas da crise acabam sempre por ser suportadas pelos mais explorados: os
trabalhadores e, por arrasto, pelos pequenos empresários, que se veem privados do poder de compra dos
trabalhadores ao mesmo tempo que sofrem a concorrência dos grandes grupos económicos e a dificuldade
em obter os créditos financeiros necessários ao desenvolvimento da sua atividade. Para os grandes grupos
financeiros as consequências nunca são nefastas, porque as eventuais perdas serão sempre cobertas pelo
Estado, que o mesmo é dizer pelos impostos e pela redução dos salários e das pensões dos trabalhadores.
Em nome da honestidade que defendemos, não afirmamos que a crise teve origem entre portas e que
entre portas pode ser resolvida; mas a verdade é que no nosso país a crise começou muito antes do início da
crise financeira internacional, por via das políticas de Direita dos partidos que nos têm governado: PS e PSD
aliados ou não ao CDS.
O que dizemos é que não foram tomadas as medidas adequadas para minorar os efeitos da crise
capitalista: nem no nosso país, nem no nosso concelho. Como já disse noutra ocasião, em vez de limparem
as valetas que evitariam as enxurradas, aqueles que receberam o voto do povo para gerir os destinos do país
ou do concelho, tudo fizeram para que a enxurrada da crise levasse tudo à frente.
Os dados estatísticos oficiais mostram como, por ausência de políticas corretas de desenvolvimento que
pudessem mitigar os efeitos da crise capitalista, se agravaram os problemas dos gondomarenses, mais do que
a média distrital ou nacional.
Só entre 2006 e 2010 perderam-se 757 empresas de comércio por grosso e a retalho, o que corresponde a
17,5% do total das empresas. No distrito a perda foi de 16,7%; no país foi de 16,1%.
No mesmo período perderam-se 594 empresas de indústrias transformadoras, 27,1%. No distrito o
enceramento foi de 23,8%; no país foi de 24,4%.
Entre Janeiro de 2010 e Janeiro de 2013 o número de inscritos no Centro de Emprego de Gondomar
aumentou 43,4%, de 11 698 para 16 780. O aumento distrital foi de 28,4%; no país foi de 13,6%.
O número de jovens com menos de 25 anos inscritos no Centro de Emprego aumentou ainda mais no
mesmo período: de 1379 para 2111, 53,1%. O aumento no distrito foi de 26,8%; no país foi de 26,2%.
O número de beneficiários do RSI (Rendimento Social de Inserção) vulgarmente conhecido como
Rendimento Mínimo, aumentou 488% entre 2005 e 2011, de 2271 para 13 367. O aumento no distrito do
Porto foi de 320% e no país, de 121%.
Nas últimas décadas, as políticas municipais não foram, de facto, capazes de resolver os problemas
estruturantes do município, desde o planeamento urbano às políticas do ambiente, passando pela habitação, a
mobilidade ou a educação.
A maioria política que governa o município não soube a tempo criar condições para preservar as
indústrias tradicionais com a da metalurgia ou a das madeiras, nem para desenvolver outras potencialidades
do concelho, como o aproveitamento do Douro e das suas margens, há muito reclamado pela CDU.
O rio Douro, navegável pelo menos desde os Fenícios para transportar o ouro das minas da Serra das
Banjas, ou do Portal, constitui, com as suas margens, um recurso natural impar. Associada a uma politica
consequente de proteção e ordenamento das florestas, a criação de condições para a instalação de pequenas
unidades hoteleiras e de lazer, apoiadas por um centro de formação profissional para esse setor, poderia criar
muitos postos de trabalho.
Do nosso programa eleitoral, que oportunamente será apresentado, constarão propostas concretas e
exequíveis para melhorar a vida dos gondomarenses, quer com ideias novas, quer com tentativas de correção
dos erros cometidos.
Os eleitos da CDU na Assembleia Municipal têm tido um papel importante, quer na denúncia de políticas
nocivas para o município, quer apresentando propostas para a resolução de problemas do concelho, muitas
delas aprovadas: por exemplo, as relacionadas com a deposição de resíduos perigosos em S. Pedro da Cova,
a reabilitação da antiga central de captação de água do Rio Sousa, o encerramento Serviço de Atendimento
de Situação Urgentes (SASU), as portagens na A41, a Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR)
do Meiral, etc..
Mas apesar do extenso trabalho dos deputados municipais, a CDU fez falta na Câmara.
Fez falta para denunciar os erros de gestão e para participar na resolução dos problemas dos
gondomarenses;
Fez falta para impedir que o presidente fosse enganado deixando ficar a linha do Metro longe do termo
previsto e prometido;
Fez falta para que houvesse uma oposição consequente, com a mesma posição nas freguesias, na Câmara
e na Assembleia Municipal, nomeadamente na defesa dos serviços públicos, cuja privatização só tem trazido
prejuízos para os gondomarenses.
A CDU é a Esquerda que faz falta na Câmara de Gondomar.
Com confiança, a CDU voltará a estar representada no executivo municipal.
Gondomar, 1 de Março de 2013.
Joaquim Barbosa
A CDU é a Esquerda que faz falta na Câmara de Gondomar. Com confiança “a CDU voltará a estar representada no executivo municipal”.
Estas foram as principais ideias transmitidas na apresentação de Joaquim Barbosa, professor aposentado da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, membro da Comissão Concelhia do PCP, candidato à presidência da Câmara Municipal de Gondomar.
Uma apresentação pública acompanhada por dezenas de camaradas e amigos.
ver intervenção de Joaquim Barbosa
ver biografia de Joaquim Barbosa
ver biografia de Guilhermino Monteiro, mandatário da candidatura da CDU a Gondomar
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