Sobre a situação da Maconde

intervenção de Jorge Gomes, da Comissão COncelhia de Vila do Conde
jorgegomesCamaradas,
A situação por que passam os cerca de 400 trabalhadores da ex-Maconde, agora Macvila e Mactrading, com parte do subsídio de Natal e os meses de Dezembro e Janeiro em dívida, constitui motivo sério de desassossego para os trabalhadores e para os concelhos da Póvoa de Varzim e Vila do Conde.
A Maconde foi criada em 1975, em 1994, já com cerca de mil trabalhadores, adopta a insígnia Macmoda, garantindo no final dos anos 90 mais de 2.000 postos de trabalho.
Em 2001, a Maconde é o maior fabricante português de vestuário masculino e detém cinco unidades fabris próprias, quatro em Portugal e uma em Marrocos.
Em 2002, o grupo é reestruturado e são encerradas na Espanha as 6 lojas Macmoda. Até 2005 encerram quatro unidades fabris, sendo alienadas as cadeias de retalho Macmoda e Tribo.
Em 2007, reduzida à unidade fabril de Vila do Conde, a Maconde tem ao serviço 583 trabalhadores e confronta-se com incertezas quanto ao futuro. O passivo é de 50 milhões de euros, 32 dos quais à Banca, o seu activo imobiliário monta a 18 milhões. É então que, dois quadros da empresa, apoiados pelo credor BCP e apadrinhados pela Câmara local, de maioria PS, e pelo governo, através do ministro da economia, protagonizam um MBO, assumindo por UM EURO o controle da empresa e entregando àquele Banco as instalações fabris a título de dação, para liquidação do passivo.
De um golpe só, a Banca fica na posse do único garante da salvaguarda do pagamento das indemnizações aos trabalhadores, sem que os mesmos sejam ouvidos ou tomem conhecimento dos contornos do negócio e a nova administração da Maconde (já Macvila e Mactrading), livre do passivo, recebe 6,6 milhões de euros como contrapartida do negócio, acrescidos de 1,4 milhões, do estado, num total de 8 milhões.
Oficiosamente, sabe-se que o acordo integra a garantia de manutenção de 500 postos de trabalho e que a nova administração pensa atingir, no primeiro ano, um volume de vendas de 20 milhões de euros, com resultado líquidos entre 70 e 80 mil euros, sendo meta facturar 40 milhões de euros no prazo de dois a três anos.
 Contudo nunca atingirá a facturação que se propôs, a laboração fica abaixo dos 50% da sua capacidade e, em 2008, factura apenas 6 milhões de euros; o prejuízo ultrapassa os 3 milhões...
Hoje, apesar do garantido, mal chegam a 400 os trabalhadores da Maconde e, como em 2007, aguarda-se que o governo, avalizando novo projecto de viabilização, adiante entre 1,5 e 3 milhões de euros, perspectivando-se a redução de postos de trabalho!
De tal projecto é tudo se sabe... ainda que haja na empresa comissão de trabalhadores!

Camaradas,

Governo e Câmara local são cúmplices activos no logro aos trabalhadores da Maconde e deram cobertura à golpada da entrega do terreno fabril à Banca.
É tempo da administração da Maconde explicar que destinos levaram os dinheiros recebidos e de Governo e Câmara de Vila do Conde assumirem a responsabilidade do seu envolvimento em tão enviesado negócio.
Os trabalhadores da Maconde, desesperados e em greve, aguardam!