Intervenção de José Tiago, da JCP

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Porto, 13 de Junho de 2009
 
 Camaradas e amigos

Em nome da JCP saúdo este comício. Momento em que comunistas e amigos se juntam para denunciar os verdadeiros problemas da sociedade, apontar as soluções e projectar o futuro.
Já nos vínhamos apercebendo de um partido e de uma JCP mais forte através do trabalho diário, com novos recrutamentos, com mais presença na rua, nas escolas, nos locais de trabalho, com a Luta que não para de crescer!
Esse trabalho traduziu-se também num grande resultado para a CDU. Isto dá-nos mais força e ânimo para continuarmos as nossas Lutas por uma Educação pública, gratuita de qualidade e democrática para todos, por melhores salários e emprego com direitos.
Estas eleições além de mostrarem que mais portugueses, inclusive muitos jovens, acreditam no nosso trabalho, mostram também que exigem uma ruptura com estas politicas de direita do Governo PS.
Os ataques à Escola Pública continuam e agravam-se.
No Ensino Secundário o novo regime de autonomia de gestão é um dos maiores ataques à Escola Pública, uma vez que acaba com os concelhos executivos, reduz a democracia nas escolas ao introduzir a figura do director que terá todos os poderes na sua mão. Este regime introduz empresas nos órgãos de direcção das escolas ao mesmo tempo que retira os estudantes.

Serviços escolares, como cantinas, bares, campos de jogos e gimnodesportivos, são privatizados com o objectivo da obtenção de lucro. Muitos estudantes têm de pagar se quiserem jogar à bola depois das aulas.
Continua o estatuto do aluno, que não é mais que um código penal para os estudantes, os exames nacionais, as aulas de 90 minutos e a não implementação da educação sexual nas escolas.
Apesar de todos os ataques a luta dos estudantes do ensino secundário reforçou-se e assistimos este ano lectivo às maiores acções de luta dos últimos 5 anos. Com a presença de mais de 70 000 estudantes na rua. O Porto não foi excepção com milhares estudantes em luta. 
No Ensino Superior o ataque é também muito feroz.
As propinas são a primeira grande barreira, impedindo que muitos estudantes possam prosseguir os seus estudos.
Camaradas, estamos a falar de propinas perto dos 1000€ para o 1º ciclo. Qual é o filho de trabalhador que consegue pagar 1000€, mais todas as despesas adjacentes como transportes, alojamento, material escolar e refeições?
Isto agrava-se ainda mais com os cortes em cerca de 2/3 das bolsas na Universidade e no Instituto Politécnico do Porto. Este ano o atraso no pagamento das bolsas foi maior, só foram pagas no fim de Maio, isto tudo, com o objectivo de empurrar os estudantes para empréstimos bancários.
O processo de Bolonha reduz de 5 para 3 anos os cursos, obrigando os estudantes do 2º ciclo a pagar mais, com as propinas chegarem a 18000€. Além disso, aumenta a carga horária e de trabalhos, fazendo dos estudantes escravos da escola e não deixando tempo livre para as actividades associativas ou extra escolares.O novo regime jurídico reduziu drasticamente a participação dos estudantes nos órgãos das escolas ao mesmo tempo que permitiu a entrada de representantes das grandes empresas e multinacionais e a passagem da UP a Fundação de direito privado.Os estudantes do Ensino Superior do Porto não ficaram de braços cruzados dando combate a estes ataques. Este ano lectivo foi um dos mais reivindicativos. Dia 24 de Março saíram à rua e dia 29 de Abril entregaram um abaixo-assinado no Governo Civil onde se exigia o fim do RJIES, do Processo de Bolonha e das propinas.
Camaradas, vemos que afinal a escola pública, gratuita e de qualidade que está consagrada na nossa Constituição não está a ser cumprida!
Quando estes e outros jovens entram para o mundo do trabalho os problemas não diminuem.
Em primeiro lugar são muitos os jovens trabalhadores que não têm emprego, cerca de 250 000 a nível nacional e destes apenas 43% recebem o subsidio de desemprego.
Os estágios profissionais muitas vezes não são remunerados, fazendo dos jovens trabalhadores escravos do século XXI.
A precariedade aumenta, as alterações ao código do trabalho, ao contrario do que o governo dizia, não reduziram a precariedade, antes pelo contrário.
Mas muitos milhares de trabalhadores, entre eles muitos jovens, lutaram e continuaram a lutar para alterar a situação, por melhores salários, mais emprego, pelas 40h semanais, contra a precariedade.
A JCP continua e continuará na luta, com os jovens, pelos seus direitos.
Muito ainda há para que fazer. E é agora na altura do verão que os grandes interesses do capital tentam ser implementados, aproveitando uma maior distração dos jovens. Não daremos tréguas e aproveitaremos o verão sim, para levar as nossas propostas a mais jovens. Realizaremos o acampamento regional, estamos na preparação e realização da Festa do Avante!
E porque os comunistas acreditam no papel preponderante que os jovens tem na sociedade, usaremos estes para transformar as mentalidades, para alcançarmos o socialismo rumo ao comunismo.
O nosso trabalho é e será continuar a levar esta luta até ao voto.
A luta continua!
Viva a JCP!
Viva o PCP!