Desaceleração, divergência, dependência e desemprego – os 4 “d”s da economia portuguesa

eurosA Comissão Europeia reviu em baixa as suas previsões de crescimento da economia portuguesa para 2008 e 2009, em -0.3 p.p. e -0,6 p.p. respectivamente (Previsões Económicas da Primavera, Comissão Europeia, IP/08/649, 28/4/2008). Assim, as previsões apontam agora para um crescimento do PIB de 1,7% em 2008 (0,5 p.p. abaixo das previsões do Governo de 2,2%) e 1,6% em 2009. Estas previsões apontam para uma desaceleração do crescimento económico para os próximos dois anos e a continuação da divergência de Portugal com a União Europeia a 27, que se prevê que cresça 2% em 2008 e 1,8% em 2009. Desde a recessão de 2003 que a economia portuguesa tarda na retoma económica.

As actuais previsões confirmam e acentuam a tendência da desaceleração do crescimento do PIB e do PIB per capita português de década para década. O crescimento médio do PIB per capita desde 2001 foi quase nulo. A convergência de Portugal com a União Europeia a 15 tem vindo a desacelerar de década para década, entrando em divergência a partir de 2001. O PIB per capita, em paridades de poder de compra, tem vindo a regredir, representando em 2007 63,9% do PIB per capita da União Europeia a 27 face aos 67,9% em 2000. As previsões apontam também para um aumento do défice externo português em 2008 em cerca de 1,1 mil milhões de euros. O défice da balança de transacções correntes deverá
atingir 10,1% do PIB em 2008 (17,1 mil milhões de euros), o valor mais elevado dos últimos 50 anos. É de salientar que o défice em % do PIB tem vindo a aumentar de década para década, tendo quase duplicado face à década de 90, o que mostra o crescimento da dependência (e endividamento) externa. As previsões apontam para que o número de desempregados volte a aumentar em 2009, após um ligeiro decréscimo em 2008, mantendo-se a taxa de desemprego em 7,9%, ou seja, ao nível mais elevado desde a adesão de Portugal à União Europeia. As previsões apontam ainda para uma desaceleração brusca do crescimento do investimento (dos actuais 6,9% para 0,9% em 2009) e uma taxa de inflação de 2,8% em 2008 (face aos 2,1% apontados pelo Governo), o que a confirmar-se, representará uma forte quebra do poder de compra dos salários em Portugal.

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