Aos trabalhadores da Maconde

Na sequência das preocupações, por várias vezes, manifestadas pelo PCP, quer na Assembleia da República, quer nos órgãos de Poder Local, quanto ao futuro da Maconde e dos seus trabalhadores, o PCP, através dos seus deputados, voltou a questionar o Governo, reclamando do Ministério da Economia e Inovação respostas às seguintes perguntas:

1. Tem sido referido que o acordo não vai garantir o emprego a todos os actuais trabalhadores da Maconde, em número de 583. Diz-se, entretanto, que os 462 operários fabris manterão os respectivos postos de trabalho. Sendo assim:
1.1. Qual é o número concreto de trabalhadores que o acordo prevê que seja despedidos? Quando se fará este despedimento?
1.2. A que sectores pertencem os trabalhadores a despedir? Em que locais, em concreto, estão estes trabalhadores a desempenhar funções?
1.3. Que critérios e objectivos empresariais vão determinar esta “selecção” de trabalhadores a despedir?

2. Foi tornado público que a unidade fabril da Maconde em Marrocos deverá ser encerrada e alienada, objectivo aliás que parece não estar inscrito no plano de recuperação referido atrás e gizado por consultores contratados pela Maconde. De igual forma, foi tornado público o eventual encerramento dos escritórios comerciais no estrangeiro. Sendo assim:
2.1. Como se compatibiliza a eventual eliminação de uma unidade fabril industrial com a (também) anunciada existência de uma carteira de encomendas totalmente preenchida e em crescendo? Como irá então a Maconde fazer face às necessidades de crescimento de produção?
2.2. Como se compatibiliza a reiterada (e positiva) intenção de continuar a produzir sobretudo para exportação - mais de 90% da produção – com o eventual encerramento de escritórios comerciais, ainda por cima em alguns mercados historicamente estratégicos para a Maconde?

3. Tem sido referido que o passivo de 32 milhões de euros foi anulado na quase totalidade, através da entrega de bens imóveis à banca credora. Sendo assim:
3.1. Que valor (percentagem) daquele passivo não foi anulada? Corresponde este valor a credores desinteressados do acordo estabelecido? Algum destes eventuais credores desinteressados é alguma das instituições bancárias que vêm sendo publicamente referidas (CGD, BCP e/ou BPI)?
3.2. Que bens imóveis serão de facto entregues para a anulação (total ou quase total) do passivo? Com que critérios foi estabelecida a respectiva avaliação, designadamente dos terrenos propriedade da Maconde? E serão ou não incluídos, nesta entrega, os terrenos onde neste momento se localizam as instalações fabris da Maconde em Vila do Conde?
3.3. A confirmar-se a eventual entrega destes últimos terrenos, isso vai ou não implicar a deslocação das instalações fabris produtivas da Maconde para outro local? E, neste caso, que local – concelho, freguesia - está pensado? E, ainda, qual será o futuro funcional atribuído e acordado, ou não, aos terrenos entregues à banca?”

O PCP continuará a insistir para que se torne claro e público o acordo, apadrinhado pelo Governo, que se diz ter sido efectuado, designadamente no que diz respeito ao futuro da empresa e dos seus trabalhadores.
A empresa é viável, assim se empenhe o Governo nesse objectivo. Os trabalhadores não podem ser as vítimas de sucessivos erros de gestão, nem serem tratados da forma cruel como o foram os que recentemente foram despedidos.
O PCP denunciará todas e quaisquer medidas que ponham em causa os legítimos direitos e interesses dos trabalhadores.
O PCP que sempre esteve, desde a primeira hora, com os trabalhadores da Maconde, assegura-lhes que continuará a ter essa postura, em coerência com a sua luta pelo direito ao trabalho com direitos.

É preciso dizer, cada vez com mais força, BASTA DE INJUSTIÇAS!

11 de Outubro de 2007.
As Comissões Concelhias da Póvoa de Varzim e de Vila do Conde do PCP